domingo, 27 de fevereiro de 2011

Don't you weep

Por esta vida de encruzilhadas, sins, nãos, talvez e não seis, muitas curvas em contra-mão, linhas continuas pisadas, inversões de marcha realizadas...

Vou sem amor, paixão ou outra emoção. Vou. Não é um simples ir, ou um chegar, é um querer mudar, um algo ansiar. Tenho noção que o meu Eu, aquilo a que apelidamos de "persona" ou personalidade é nada mais do que um lago, sim um lago, desconhecem-se profundidades, a Terra está longe, e ando sempre à deriva; à mercê dos elementos, e da sorte...

Posso dizer que estou absolutamente insatisfeito com esta monotonia monocórdica de vida, já tentei mudar este preto no preto. Dar ao fim um novo principio, mas como num círculo o principio anda de mãos dadas com o fim, e este insiste em largar a mão ao principio, e eu tento chegar à margem do lago, da minha alma, se ainda a retiver dentro de mim. Vejo-me reflectido muitas vezes na superfície perfeitamente rugosa do lago, centenas de vezes, e odeio a tristeza dos meus olhos alegres.



Um dia alcançarei essa margem mas por hoje, mais vale lutar amanhã...Por hoje cansei

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Contos de Eldarya

Prefácio: O chão estava lavado de sangue que reflectia a luz matinal que sobre ele incidia, um cheiro pútrido a carne queimada emanava no ar, era doentio, repugnante. Eu continuava a caminhar sobre corpos de moribundos e mortos, indiferente, passo a passo, avançava cada vez mais para o interior do império, deixando atrás de mim um mar de mortos e feridos, filhos ficavam órfãos e mães viúvas. Infeliz vida era a minha, mas eu continuava a cumprir as minas ordens de sorriso na boca, um ligeiro esgar malicioso surgia na minha face antes de proceder à decapitação de mais um, era apenas mais um, o que iria mudar?! Tinha vendido a minha alma ao diabo, agora andava a ver se a comprava de volta, mas os juros, a penitência, essa era muito cara.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pergunta, descobre, volta

Eu sempre ouvi dizer que a vida é fácil, basta vive-la. Sinceramente discordo totalmente, a morte sim é fácil. A vida é o maior problema de todos, se não existíssemos não haveria problema e de quem é a culpa, da vida.

Muita gente acredita em Deus, em algo superior, inexplicável mas que explica a existência do mundo (irónico xD), eu não acredito, não confio em nada nem ninguém, nem em mim próprio, só há uma coisa que confio, no dia de ontem. Sobre ele tenho sempre certezas é tão fácil viver o ontem, porque temos de viver o agora e o amanhã...Era tão mais simples se a vida se repetisse duas vezes, eu pedia para voltar ao inicio. Mudava tanta coisa. Mas a vida é assim, o contrário da morte. É uma simples complexidade de acontecimentos.


Concluo que eu não vivo, apenas sobrevivo.

Besta

Oxalá pudesse eu poder,
Ser, sendo.
Uma alma vil e hostil
é aquilo que tenho,
vazia, podre, baça.


Eu não sendo, Sou.
Eu quero poder.
Pudera eu acreditar,
Que um dia isto haveria de mudar


Ahahahha, podridão mórbida,
Bolor incrustado nas peles lisas das minhas rugas
Sendo eu, não sou nada.


Assim numa morte vivida
Vou vivendo, ou não.


Escrito em 01/02/2011
Miguel Silva


Espero que gostem deste poema, ou tentiva :)